segunda-feira, 25 de março de 2013

Jogo meu travesseiro fora se você voltar.


Te reinventei repetidas vezes na sacada do meu apartamento, esperando aquele cometa passar, você chegava linda, afoita, com medo do que a noite esconde. Depois pensei que pudesse ser perigoso demais para você me procurar assim, afinal, uma moça não pode andar na rua sozinha altas horas da noite. Entediado fui até a cozinha pegar um café e pensei que talvez o telefone pudesse tocar e seria você me pedindo para lhe buscar, tava afim de me ver e estava com saudade do meu video-game e do meu chuveiro desregulado, mas que cabeça a minha, eu nunca te dei o meu número de casa e roubaram meu celular na segunda passada. Tá vendo só como é perigoso sair por ai distraído dando sopa? Sentei naquele sofá. É, esse mesmo, lembra? Você dormiu no meu colo quanto eu te obriguei a ver Dexter. Mas dessa vez eu ando dramático e vou assistir Grey's, a 9ª temporada está incrível, você deveria ver. Acordei de madrugada e por coincidência, diga-se de passagem não acredito nelas, mas lá tava passando as vantagens de ser invisível, seu filme favorito e eu nunca vi, agora também não verei porque 'to' morrendo de sono e eu aposto que do jeito que tu é tarada pelo filme taí vendo pela milésima vez. 
Me joguei na cama de qualquer jeito e abracei o travesseiro, tá lembrada do ciumes que você tinha por ele? Você dormia no sofá e dormia tão linda com o cabelo sobre minha almofada vermelha que seria um pecado te acordar. Como eu nunca gostei do sofá-cama, sei lá, só não gosto, fui deitar na minha cama e abracei o travesseiro, mania minha. Acordei no susto com você puxando o coitadinho, não me lembro as coisas que você disse, eu só sei que no fim você queria atira-lo pela janela e essa foi a primeira vez que você dormiu aqui. Ah menina, estávamos chegando perto, mais um pouquinho e eu aposto: teríamos nos amado muito, até parei de fumar e finalmente apaguei o número daquela minha ex. Outro dia ela me viu no metrô e perguntou sobre você, por despeito talvez, nem te chamou pelo nome, eu dei um sorriso apático e respondi que você ia bem. Mas agora eu te pergunto onde está você agora, flor do cerrado? Eu sei, eu sei, você acha brega e tudo mais eu te chamar assim. Pensa só, tens meu endereço e sabe qual é o meu barzinho favorito, passa lá qualquer dia porque eu vou lá sempre esperando você passar. 
Estávamos tão perto que deu vertigem. Quando olhei para o lado você já não estava mais lá. Ah menina, há tempo procuro um amor que é só nosso, ninguém foi capaz de me dar. Meu barco precisa do teu cais, me ensina o caminho de volta que é pra não me perder nunca mais, me procura, menina, me chama de idiota, diz até que o nosso tempo passou, mas não me diga que me esqueceu, me reinventa como eu te reinventei, daí quem sabe por um acaso a gente encontre aquilo que se perdeu por minha culpa. Essa minha vontade de ser teu me devora, me surpreenda, menina, e vem fazer um dia de domingo ter sentido.

(imagem retirada do we heart it)

3 comentários:

  1. Que delícia essa tua escrita guria!

    Ahh, esses amores tão cheios de orgulho, um esperando o outro aparecer, porque ambos sabem onde se encontrar. É um grande problema!

    Identidade Aleatória

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  2. Hey, Thaís! Agora nem lembro mais como eu cheguei aqui... Se foi indicação ou foi pelo twitter, mas te digo uma coisa: valeu a pena. Tua escrita é exatamente daquelas que me prendem do início ao fim. E esse texto, então? Me imaginei em cada pedaço da cena e desejando cada desejo. Meus parabéns, moça.

    Já coloquei o seu blog no meus favoritos.
    Beijos, Arih
    (http://eppifania.blogspot.com.br/)

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