Te reinventei repetidas vezes na sacada do meu apartamento, esperando aquele cometa passar, você chegava linda, afoita, com medo do que a noite esconde. Depois pensei que pudesse ser perigoso demais para você me procurar assim, afinal, uma moça não pode andar na rua sozinha altas horas da noite. Entediado fui até a cozinha pegar um café e pensei que talvez o telefone pudesse tocar e seria você me pedindo para lhe buscar, tava afim de me ver e estava com saudade do meu video-game e do meu chuveiro desregulado, mas que cabeça a minha, eu nunca te dei o meu número de casa e roubaram meu celular na segunda passada. Tá vendo só como é perigoso sair por ai distraído dando sopa? Sentei naquele sofá. É, esse mesmo, lembra? Você dormiu no meu colo quanto eu te obriguei a ver Dexter. Mas dessa vez eu ando dramático e vou assistir Grey's, a 9ª temporada está incrível, você deveria ver. Acordei de madrugada e por coincidência, diga-se de passagem não acredito nelas, mas lá tava passando as vantagens de ser invisível, seu filme favorito e eu nunca vi, agora também não verei porque 'to' morrendo de sono e eu aposto que do jeito que tu é tarada pelo filme taí vendo pela milésima vez.
Me joguei na cama de qualquer jeito e abracei o travesseiro, tá lembrada do ciumes que você tinha por ele? Você dormia no sofá e dormia tão linda com o cabelo sobre minha almofada vermelha que seria um pecado te acordar. Como eu nunca gostei do sofá-cama, sei lá, só não gosto, fui deitar na minha cama e abracei o travesseiro, mania minha. Acordei no susto com você puxando o coitadinho, não me lembro as coisas que você disse, eu só sei que no fim você queria atira-lo pela janela e essa foi a primeira vez que você dormiu aqui. Ah menina, estávamos chegando perto, mais um pouquinho e eu aposto: teríamos nos amado muito, até parei de fumar e finalmente apaguei o número daquela minha ex. Outro dia ela me viu no metrô e perguntou sobre você, por despeito talvez, nem te chamou pelo nome, eu dei um sorriso apático e respondi que você ia bem. Mas agora eu te pergunto onde está você agora, flor do cerrado? Eu sei, eu sei, você acha brega e tudo mais eu te chamar assim. Pensa só, tens meu endereço e sabe qual é o meu barzinho favorito, passa lá qualquer dia porque eu vou lá sempre esperando você passar.
Estávamos tão perto que deu vertigem. Quando olhei para o lado você já não estava mais lá. Ah menina, há tempo procuro um amor que é só nosso, ninguém foi capaz de me dar. Meu barco precisa do teu cais, me ensina o caminho de volta que é pra não me perder nunca mais, me procura, menina, me chama de idiota, diz até que o nosso tempo passou, mas não me diga que me esqueceu, me reinventa como eu te reinventei, daí quem sabe por um acaso a gente encontre aquilo que se perdeu por minha culpa. Essa minha vontade de ser teu me devora, me surpreenda, menina, e vem fazer um dia de domingo ter sentido.
(imagem retirada do we heart it)
Que delícia essa tua escrita guria!
ResponderExcluirAhh, esses amores tão cheios de orgulho, um esperando o outro aparecer, porque ambos sabem onde se encontrar. É um grande problema!
Identidade Aleatória
Ai, Andressa, obrigada! *-*
ResponderExcluirHey, Thaís! Agora nem lembro mais como eu cheguei aqui... Se foi indicação ou foi pelo twitter, mas te digo uma coisa: valeu a pena. Tua escrita é exatamente daquelas que me prendem do início ao fim. E esse texto, então? Me imaginei em cada pedaço da cena e desejando cada desejo. Meus parabéns, moça.
ResponderExcluirJá coloquei o seu blog no meus favoritos.
Beijos, Arih
(http://eppifania.blogspot.com.br/)