domingo, 10 de março de 2013

As vantagens do que tem pra hoje



Acho que no teu coração eu sou o Vasco nos campeonatos. O cara que se esquece de jogar na loteria o seu bilhete e perde aquela bolada, o cara que largou numa corrida olímpica e por meio milésimo de segundo é ultrapassado na linha de chegada ou talvez eu seja aquele concurseiro que disputa uma das 10 vagas e fica em 11º. Essas pessoas quase chegaram lá. Eu quase cheguei lá. Estávamos perto, estava perto de te amar, pertinho. Como naquele dia em que eu te esperei e você se atrasou, a chuva torrencial veio e eu fui embora. Você poderia ter se apaixonado por mim se tivesse me visto no meu aniversário. Eu poderia ter me apaixonado por você em Maio passado se eu tivesse lhe adicionado no meu facebook e não aquela outra lá. Se eu tivesse uns anos a menos ou você uns 3 a mais pelo menos, mas é que a vida não funciona assim e você amarrou teu burro em um tronco torto, meio quebrado, já ocupado por outro burrinho no meio da chuva em um terreno baldio e foi difícil por demais tira-lo de lá depois do nó cego que você deu. (Ufa, que explicação longa, quase morri sem ar) E eu? Coitado de mim, sempre reinventando histórias no porão de casa e me esquecendo de apagar a luz, trancá-lo e sair pra viver alguma coisa de verdade a qual eu pudesse contar. Quer saber, quando é assim o que a gente faz? Faz de conta que nada fez ou faz de conta que fez e não foi o suficiente? Acho que fica mais legal se fingirmos que era uma vez um nunca mais que nunca aconteceu.
Pausa.
Acho que minha explicação ficou mais para um trava língua do que esclarecedor, mas você há de convir que você tumultua e bagunça a cabeça da gente. Por isso às vezes eu pego um café e um cigarro escondido, dou play naquela música que você adora e brinco de reinventar você pra mim. Desse jeitinho mesmo, guria, igual naquele trecho de música: eu te reinventei só pro meu prazer. Faço isso sempre quando quero imaginar que se nada de tudo isso tivesse realmente acontecido poderíamos ter sido um nós a sós. Estaríamos enfeitando um domingo, poderia ser um sábado também, vendo aquele filme na minha colcha vermelha e ainda haveria aquele débito de 2229 beijos. Reinvento você me calando com uns beijos maliciosos no meu pescoço toda vez que eu inventasse falar coisas do meu trabalho, uns relatórios e uns testes e... Eu vou e acabo perdendo a fala. Quase escuto sua voz no meu ouvido dizendo baixinho que assim era melhor, e que essas coisas de informática são chatas. Confesso que parece quase real a melhor memória que eu inventei sobre nós. Mas essa eu não vou contar, perderíamos a excitação do mistério, já que parte de você é silêncio e a outra é mistério. E fica assim, um monte de versões suas, nem todas elas melhoradas, porque o melhor mesmo foi ter esbarrado com você num dias desses. Duvido que essas memórias inventadas pudessem ser tão bonitas se eu por azar tivesse esbarrado em outra pessoa. Tudo na vida tem uma monte de caminhos e desvios e decisões e eu não precisei aprender isso com a informática pra saber.
Eu sei que eu quase cheguei lá, teria sido diferente se por você eu tivesse me apaixonado e vice-versa, eu tenho certeza. Se naquele dia a palavra certa tivesse sido proferida, se teu burro não fosse tão burro e se aquela música não fosse de outra pessoa, poderia ser minha pra você lembrar-se de mim. Vou deixar essas bobagens de lado, pra lá das laranjeiras, essas coisas bobas que a nossa mente mente pra gente. Vou me dar por satisfeito por não ter estragado a única coisa que temos pra hoje. 

(imagem retirada do tumblr.com)


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...