sábado, 24 de novembro de 2012

On a clear night

"Can't seem to hold you like I want to so I can feel you in my arms"
(imagem retira do weHeartIt)


 Eu estou tentando me lembrar qual é o tamanho do cabelo dela, mas só me lembro de ter perdido minha carteira ontem a noite em um bar que eu não sei o nome.
Acho que me lembro de uma música. Sim. É claro, aquela música que teria tudo a ver com a gente se o nós nas minhas frases incluíssem eu e você. Passei de carro em frente ao único drive-in em funcionamento no Brasil (me corrijam se eu estiver errado) e me dei conta de que nunca assistimos a nenhum filme juntos, eu sequer sei o nome do seu filme favorito, se você chora em tal cena, ou se sabe decorado as falas dos personagens principais.
Me dei conta de que já passam das tantas e uns quebrados e imaginei que a esta hora você talvez já pudesse estar dormindo. E me pergunto: qual seria a cor do seu lençol? Você dorme de pijama ou coloca uma camiseta qualquer? Eu não sei. Nunca fui ao seu refúgio. Quer dizer, quarto. E  espremo a ideia. Não. Na verdade são essas ideias que estão espremendo minha cabeça, então, imagino meticulosamente como seriam suas coisas, seu quarto. Um guarda-roupas do lado esquerdo da porta e de frente para a janela. A vista dele eu não sei. Sua cama com alguma colcha de cores frias e alguns tênis debaixo. Acho que alguns pôsters na parede e alguns livros de literatura jogados na estante empoeirada. Imagino, quem sabe eu não esteja viajando, mas eu tenho pra mim que ela também deixa lá para serem esquecidas algumas vontades, verdades, as vezes até sonhos. Porque até agora se eu só falei coisas que eu não sei, ai vai uma que eu aprendi de primeira: ela sabe como ninguém ignorar as coisas. Boas ou ruins. Entre certezas e pseudo-vícios. Sobre o que sente ou gostaria de viver. Por isso minha teoria é a seguinte: se faltam livros para preenche-las, ela joga tudo que ignora lá. Creio, posso estar caindo no engano, mas já devo ter passado por lá algumas vezes.
Passeei neste abismo, no teu silêncio, e no seu sorriso, porque afinal, é tudo que sei. Foi a coisa mais concreta e inatingível que alguém possa ter a oferecer. É engraçado como a gente as vezes gosta de se perder nas incertezas e fazer disso uma viagem de balão, como se o nada fosse a coisa mais perfeita a se ter, como se olhar pra baixo e ver tudo longe te desse uma falsa segurança de que estais longe das coisas as quais te fazem mal. O eterno sentimento de stand-by.
Assim eu vou vagando em tudo aquilo que não sei, que não conheço. A procura de tudo que você não me disse e nunca vai dizer. E uma nota sobre tudo que descobri: perder a carteira é horrivel e eu detesto sujar minhas mãos de tinta, o drive-in é a coisa mais sem graça do mundo sozinho e eu deveria ter feito diferente, deveria ter pedido batatas grandes ao invés de média, porque o filme ainda nem começou e estou sem batatas.

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