domingo, 18 de novembro de 2012

Muito Além do Sofá

Conto integrante do Projeto Esteban, inspirado nas canções do álbum ¡Adiós, Esteban!

(imagem retirada do tumblr)


Estiquei as pernas por cima do braço do sofá e fechei os olhos pra não encarar o telefone. Tamborilei os dedos sobre o peito e tentei respirar fundo. Dentro de mim a ansiedade crescia, procurava-o por todas as partes enquanto esperava por sua ligação. Uma mensagem, uma mention no Twitter, qualquer sinal de vida me bastaria.
Era horrível saber que não acordaria com o seu ‘bom dia’, que você nunca estaria ao meu lado quando amanhecesse. Era assustador o modo como você me conquistou com apenas algumas horas. Parecia que você esteve fugindo de mim a vida toda, parece que eu estive procurando por você esse tempo todo.
Agora que te encontrei, renda-se a mim.
Deixo bem claro que espero que seja eterno enquanto dure. Mesmo que dure só aquela noite molhada e etílica. Ah, se eu fizesse mais, se eu negasse menos e tivesse dito em meus olhos que você era tudo que eu queria naquela hora.
Dança comigo de novo, na frente do espelho dessa vez, que eu quero ver nossos corpos juntos pra saber que é real.
E depois você riu, e eu pensei que nunca mais teria outra chance. Mas você vai vir, eu sei que vai, meu bem. Vou te esperar aqui no meu sofá, até você perceber que teremos de ter um momento nosso.
O telefone toca.
Todas as esperanças se reacendem no segundo em que eu pulo pra atender ao telefone. E todas se desfizeram quando reconheci a voz que não era sua.
- Oi, amor – disse a voz.
- Oi, meu bem – eu respondi.
Não me leve à mal, você era o amor da minha vida da última semana, mas num ano de 365 dias há muito tempo para se apaixonar e na capital desse país há tantas pessoas para se amar pra sempre enquanto dure um dia ou uma semana.
Enquanto minha mente vagava, minha boca continuava a falar qualquer coisa com meu interlocutor. Eram apenas palavras sem sentido, mas que transpareciam meu desinteresse.
- O que você tem?
- Nada, só estou cansado.
Não mentira, estava cansado de tudo aquilo, daquela cobrança toda, como se o que eu falasse não valesse de nada. E eu sempre sairia como o vilão. A verdade é que eu também não posso controlar o que eu sinto e se você diz que me ama tanto, tem que me amar assim como sou.
Desligo o telefone e levanto porque cansei de esperar. Vou sair pra comprar cigarros e tirar de mim essa vontade de te esperar. Ou tentar encontrar coragem pra te ligar. Pra mostrar que eu me importo, e não quero saber se você se importa de volta.

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