sábado, 19 de novembro de 2011

Na poltrona azul turquesa.


(14hs, cumprimentos, conversas e...)


Não quero falar sobre isso. (pausa e silêncio)
É o que? (indignação).
Não, eu não superei, não AINDA, odeio finais previsíveis também.
(pergunta)
O que eu ando fazendo? Sei lá, ao poucos as pessoas entram não ritmo, não é verdade?
(Quarta pergunta e a raiva da paciente se torna eminente.).
Muito sensível da sua parte dizer isso! Você acha o que? Não! Eu não acredito em pausas.
(Quinta pergunta e ela dá um impulso quase automático em direção à porta).
Ai que saco!!! Você só sabe perguntar “por quê?” Será que depois de todo este tempo você não entendeu? Olha, eu realmente não quero falar sobre isso.
(a mesma pergunta)
Porque NÃO!
(Ambas param de frente e a paciente respira fundo, inclina a cabeça para trás e mexe o maxilar em um gesto repetitivo e sem perceber é guiada a poltrona azul turquesa).
[...] (O silêncio parece ser a terceira pessoa naquela sala.).
(são sempre as perguntas prontas para quebrar o gelo)
É to sabendo. Nesta Altura? O que eu acho? ... Ok... Eu falo. Desistir agora é estratégia, certo? Tudo bem, mas a senhora deve concordar comigo: O ontem também é um fato e você tem razão.
(finalmente um comentário em vez de perguntas)
Hmmm.(A paciente fecha os olhos, seu semblante suaviza, parece estar lembrando de algo que a agrada.).
As palavras, taí, eu não se como algumas pessoas conseguem carregar isso indiferente, oras, as palavras colam, sabe? Parece estampa costurada em roupa, mas as palavras foram feitas para colar na alma.
(15hs e a sessão termina, ambas se abraçam, se despedem e a paciente abre a porta voltando ao mundo real.).

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