sexta-feira, 28 de junho de 2013

Já parou para pensar que eu não fui tão boa assim?


A obrigação de sentir alguma coisa partiu da minha ilusão de que as coisas surgem com o tempo, e obviamente eu sou dessas pessoas que foram iludidas pelos filmes de romance adolescente da sessão da tarde. Me esforcei para me destrinchar do velho hábito de buscar o "meu tipo". Peguei o meu casaco, ajeitei a alça da minha mochila, acendi um cigarro antes de descer as escadas do metrô e parti para o encontro inicial. Engoli a seco a primeira vista, estava quebrando um paradigma com isso, mas sorri pra disfarçar. Claro, meu problema sempre foi idealizações, como boa amante de literatura e aspirante de um diário online (lê-se blog) devo ser capaz de supor, inventar e fingir que está sentindo alguma coisa para realmente sentir, ou como seria na programação: criar drivers e stubs para simular uma funcionalidade no código. Com o humor ácido e a falso alter-ego eu me apresentei. Eu queria desesperadamente sentir alguma coisa, aceitei esta empreitada, mas sabe como é, a gente se preocupa tanto com as coisas que queremos pra no fim se esquecer de como alcança-las. Não é canalhice da minha parte, vocês não concordam comigo? Eu detesto solidão, falta de foda e alguém pra encontrar no fim da tarde. Sentir-se só nesse mundão ai onde todos se sentem só sozinho é um ultraje, mas percebi que seria canalhice com a pessoa e ainda sim continuei. Posso dizer hoje com clareza: não faltou vontade da minha parte, só faltou sentimento. Mas, mozi, sempre te olhei com fome. Fome de carinho, tesão, de chão, compreensão e os ãos. E mesmo assim quando o verbo 'parar' foi conjugado continuei com fome de tudo isso, afinal, foi um engano tremendo simular emoção. A tal fome de sentir aquele 'feeling' por alguém era tanta que me esqueci de buscar a vara para pescar e me deparei inerte em frente ao mar de emoções impedida de pescar unzinho pra mim. Foi assim com você também, né?
Contudo, não sinto muito pelo o que aconteceu ou deixou de acontecer e a água  é fria demais pra se mergulhar, não tenho coragem, você também não teve. Ficamos parados juntos, mozi. Nem lá e nem cá.
Então eu te observei, sempre tão disposta e bem humorada, esconde de si as vezes e dos outros que seu maior inimigo é você mesma, diminuída pela a ideia de que ninguém iria se apaixonar por você depois de algumas tentativas frustradas. Era como se você me olhasse sem acreditar que poderia ser desejada. O muro que você construiu entre você e as outras pessoas é maior que as muralhas da China, mais alto até que a torre de Babel. Mas eu entendo e vejo, mozi, eu sou assim também. Pelo grau de dificuldade resolvi nem tentar escala-lo, um telefone sem fio bastaria. Porém, um relacionamento de verdade se baseia no seguinte: ambos precisam estar buscando a mesma coisa. Eu busquei companhia, sexo, conversas e encontros casuais. Você quis paixão, amor, e isso hoje é tudo que não consigo dar a alguém. Até fidelidade eu dei, mas sentimento não. Proporcionei lembranças, disso eu sei, quem há de dizer que eu fui ruim pra você? Mas, já parou para pensar que eu não fui tão boa assim?Meu gosto amargo de cigarro foi o peso máximo para suportar. Passei a gostar dessa rotina de te encontrar, e de acreditar que lhe fazia bem, pois assim me sentia mulher de verdade, mas agora, depois do verbo 'parar' ter sido conjugado, continuo mulher de verdade e você continua buscando aquela paixão. A velha estrada bipartida nos separou. Alguém melhor vai aparecer e vai te dar tudo aquilo que te dei e ainda por cima o que você busca: amor. Só não pense que eu não fui capaz de gostar de você, gostei, confesso, mas um Tonzinho só não faz verão. Vou assistir The girl toda vez que sentir falta da sua companhia.

Um comentário:

  1. as pessoas se procuram, se encontram e, no primeiro momento, conseguem se dar o que elas querem. mas nunca foram feitas pra serem boas umas com as outras. existem interesses. existe o lado interno de cada um. e tudo isso é mais forte que o gosto de cada cigarro.

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