sexta-feira, 6 de julho de 2012

egocêntricos romancistas


Sinceramente não sei se devo acreditar no que me dizem sobre o amor e sua atemporalidade. Aliás, devo culpar os trovadores por incentivarem gerações a proclamar um amor-romântico as suas inalcançáveis e doces donzelas.
Onde será que me cabe tempo e espaço para amar? Não fui criada para o amor, fui criada para os números e em um ato de rebeldia para com a minha criação resolvi ser escritora. Acho que vou sucumbir se não escrever sobre isto. Nasci na geração dos-sem-diários. Dos que escrevem sempre em primeira pessoa e consomem romances baratos, começando pelo clássico Um amor para recordar,
Dear John, dos leitores de livros de autoajuda da avon e das mentes sentimentais que compartilham frases amorosa/melosa nas redes sociais. Sou quase um aborto literário, uma vez que confesso ser um dos crimonosos que assassinaram a bélissima literatura modernista de Clarice e do dramático e sempre angustiante Caio Fernando Abreu, esquartejando suas genialidades em frases pelo facebook, twitter e na pré-histórica fase do orkut.Nas minhas ínfimas loucuras de fã me vesti de Lispector e gravei um monológo com trechos de entrevistas concedidos por ela. Guardo com carinho minhas fotos e videos, mas, não sei guardar angústia.
Agora me vem uma outra confissão: nunca li esses romances baratos, nem sei como começa ou termina Dear John, só sei de um amor para recordar porque vi o filme lá com meus 11 anos e de lá pra cá sou obrigada a ver remix de histórias de amores impossíveis e dramáticos e como diria Vinícius de Moraes: "todo grande amor só é bem grande se for triste". Acho que meus amores estão mais para Wilde e do amor que não ousa dizer o nome.
E coube a mim o triste fim de me tornar uma escritora egoísta que fala sempre em primeira pessoa deixando seus míseros leitores ou apenas ela mesma na curiosidade sobre os possíveis reais casos relatados e a simples invenção de pretéritos. Se Renato Russo tinha razão ao soltar a famosa frase: "o mal do século é solidão" então vivemos na infelicidade compartilhada. Hão de nos apelidar de egocêntricos romancistas.
Fatos e mais fatos. Eu escrevo quando não quero mais escrever, quando me sinto inutil com as palavras, quando nada mais parece real senão os textos que vomito por ai.
E por que mesmo a gente pensa em escrever tanto? Logo eu que não vivo disso. Não vejo um escritor em paz, escrever é um ato embriagante, ou talvez seja tão parecido quanto um problema de azia, as palavrinhas ficam lá te queimando querendo ganhar vida e no fim ganham as nossas.
E até agora me parece que não quero chegar a lugar nenhum com meus escritos.
Talvez eu queira me alcançar.

5 comentários:

  1. Escrever acaba libertando o que sentimos, escrever nos acalma a alma. Pelo menos assim é comigo. Em relação aos romances, sou um desastre. Então, creio que para mim é um pouco difícil lidar com esse assunto. Mas como vejo, não só para mim, mas para muitas pessoas também. Adorei o texto e me identifiquei com o modo como escreve. Está de parabéns!

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  2. Oi, ainda não descobri uma descrição suficiente para exteriorizar o que escrever significa para mim. Nas minhas memórias da infância geralmente eu estava inventando alguma história ou contando outra. Aprendi a escrever antes mesmo de aprender a amar, eu suponho. kkkk
    Que bom que gostou do meu texto e o modo como eu escrevo, mas eu até hoje não consigo compreender meu 'modo'. kkk
    Egocêntricos romancistas. hsuiashuashuiahiasui
    Volte sempre que desejar =)

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  3. Olá, sei que aqui não é pra escrever o tipo de coisa que pretendo mas ai vai: Como eu falo com você menina?
    Foi o melhor que eu consegui escrever depois da ideia inicial que era: Me passa seu face? Me superei não é mesmo...
    Pois bem, sou eu, a menina da biblioteca do planejamento, se se lembrar né, responde a opção um ou dois. Diz ai sou péssima nisso não é.

    E você escreve muito bem afinal.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Oi, é claro que eu lembro. Quer mesmo que eu responda só uma das perguntas? Porque a resposta de uma serve para a outra também. kkkkkk
      Você pode me achar no Planejamento, no facebook: Thaís de Castro (thaisrj1@hotmail.com) ou em qualquer lugar se você aceitar meu convite pra almoçar
      =)

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