Luz, câmera e ação!

Somos um quase de um para o outro, somos o silêncio que não incomoda a briga que não dura, duas almas jovens que resolveram enfrentar a tempestade, somos figurante no filme dos nossos amores. Não queria te rotular, mas, gostaria de lhe dar um pseudônimo: dente de leão, porque, você meu bem, você é puro anseio. Um roteirista sem câmera, um diretor de cinema sem seus atores, e acredite em mim: isso é um defeito. Se você conhece alguém novo que lhe agrada os olhos e aguça os sentidos lá vem de novo o velho hábito de criar mais um filme digno de Oscar nesta sua cabeçinha ingênua.

É involuntário eu sei, sei também que diferente de mim você não toma café e corre para o computador pra criar uma trilha sonora enquanto sua mais nova produção está sendo feita a todo vapor. Essa sou eu. Sim, eu também tenho minhas coletâneas de filmes gravados na mente. No seu cantinho rabisca alguns versos, ensaia algumas cenas. Você não sabe se vai ou se fica. Abre a geladeira, procura por um refrigerante. Só tem suco. Senta no sofá e não se sente confortável. Relembra da noite passada, começa a por mais peso nos olhares, recria suas lembranças pintando de cores escuras um simples silêncio. Cai no próprio caos criado. 

Devo lhe informar que infelizmente esses personagens envolvidos no seu drama não existem na vida real, você não pode prever suas falas ou escrever o que eles devem supostamente sentir a cada nova cena do seu teenage seriado. Daí a sua decepção. Quer levar seu filme para a ficção da vida real se esquecendo que de roteirista e diretor aqui você não tem nada, é apenas mais um ator preso nas cordas de suas escolhas. O que eu posso dizer é: dê um curto-circuito quando esses filmes começarem a passar, apague a luz  volta para a realidade. A decepção é bem menor quando você desfaz o laço que prende as pessoas reais a aquelas do seu filme. Às vezes é melhor o improviso. Às vezes é melhor fechar as cortinas.