sábado, 19 de março de 2011

O cinismo amoroso da ninfa da minha vida.

           Recordo-me dela deitada ali na cama assistindo TV, tão jovem, com a inocência que há muito tempo havia sido levada estava quem eu amava a juventude e o desejo em forma de menina-mulher, sorria com os diálogos bobos de desenhos animados e por hora pensei que essa era sua fase menina, desprotegida, meiga, intrínseca, minha menina. Enquanto eu mexia no cabelo e olhava de canto de olho, fingia para mim mesmo que eu estava melhor aqui, trabalhando em projetos que talvez ela nunca entenderá, nunca vai querer eu acredito, fingia que a relativa distancia de realidade fosse apenas um detalhe, fingia também que não desejava ser aquele travesseiro que abraçava, ali estava a minha menina, tão minha, tão de ninguém, no fundo ela jamais me pertenceria.
E lembrando, voltando a realidade ultrapassada que já não permite um “nós”, hoje apenas eu repasso cenas apagadas que agora merecem de acompanhante um bom café, uma noite de céu aberto e brisa leve só pra te contrariar, porque menina, você é agito, eu sou maré baixa, e o meu cenário é calmaria. Eu dizia e repetia centenas de vezes na minha cabeça que você, menina, deveria mudar seus jeitos loucos, e hoje após uma dose de café com nostalgia me pergunto o que eu teria representado pra você, acho que não deu fé de que naquele dia ao descer as escadas eu jamais as subiria com a mesma intenção. Deixa ficar no subentendido o que sempre pretendia nas visitas inesperadas.
Menina eu soube dos teus feitos e desfeitos, da vida louca vida que eu não poderia ser conivente, menina eu subi para além do seu horizonte, estou fora de alcance e sua voz envergonhada dizendo que me amava eu guardei, eu só tento não trazer de volta aos pensamentos o que te faz feliz, luzes, multidão, álcool, liberdade alienada, prazeres que nunca lhe dei, e flashes e mais flashes de você e outros que eu, no meu mais completo estado de fúria e ciúmes insisto em dizer que não merecem a minha menina-mulher, você não merecia ter a inocência juvenil adulterada, eu não merecia passar despercebido neste teu mundo ao estilo free-kind. E depois de toda noite que você sequer mencionava seus feitos absurdos, eu sabia, no fundo sempre soube que era isso o que te fazia feliz, a inconseqüente menina-mulher voltava, sempre voltava e com a voz envergonhada dizia que me amava.
Vou repetir aqui que você não deu fé que eu desci aquelas escadas pra te fazer feliz, menina, minha menina, porque quem desceu não te fazia feliz, não era seu mundo e menina, vou te amar em silêncio, e os cuidados que ofereço agora serão feitos por tabela, mas não se esqueça menina, quem desceu as escadas foi alguém que perdeu para o seu mundo, você não precisa de cúmplice, de testemunha que assista sem querer interferir a menina que rouba de si o equilíbrio de uma bela vida, menina quem desceu as escadas foi alguém que te amava e que de agora em diante dá por falta do seu amor cínico, alguém que sente saudade, alguém que foi embora pra te fazer feliz, viva agora sua vida louca vida, minha menina-mulher.

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