segunda-feira, 9 de julho de 2012

Pelo avesso.

Então garota, não conversamos mais como antes e temo que o erro tenha partido de minha humilde urgência de ser feliz. Oras, como eu deveria agir diante de alguém assim? Acontece que você fugiu, correu de mim como se eu fosse um ladrãozinho usuário de cola, desses que tentam bater sua carteira e eu não entendo o por quê da fuga.
Penso nisso todos os dias enquanto a cidade acorda e o metrô lota de almas cansadas correndo atrás de seus salários de fome, penso durante o expediente se você não pode só mais uma vez dividir um cigarro comigo, então eu faço uma pausa, largo qualquer coisa de informática que estou fazendo e vou fumar sozinha entre um prédio e outro e se aquela árvore na qual eu me escoro todas as manhãs pudesse conversar comigo perguntaria por que eu estraguei as coisas. E eu perguntaria por que isso faz tanta diferença, afinal, nunca fomos, nunca quisemos e jamais seremos algum tipo de casal ou coisa parecida. Você é uma pessoa, tenho minhas dúvidas, mas também me considero uma e era só. Gostava de passar meu tempo com você, gasta-lo com cochilos e jogos de futebol no playstation já não tinham tanta graça se eu não pudesse gasta-lo te importunando de alguma maneira.
Acontece que as coisas não são tão simples quanto minha profissão. Vivo para aprender linguagem de alto nível, compilo um script e outro, e posso dizer cheia de convicção: nenhuma engenharia de software poderia ser mais complexa comparada as relações humanas, então eu confesso, queria sim ter uma relação, mas não lhe pediria em namoro. Não sou assim tão romântica. Qualquer coisa entre ganhar de você no video game ou dar uma passadinha na sua casa pra mandar um beijo para Jesus naquele quadro que vigia a sala já estava de bom tamanho, trocar sms e lhe jogar umas cantadinhas daquele twitter engraçado era mais que suficiente.
Tá vendo, garota? Não precisava ter fugido. Não precisava fazer comigo o que fez com aquela menina. Eu não merecia ser ela hoje, te encontrando por aí com olhos de reencontro e você adentrando pela porta como se nada fosse um nada. Como se a sua amizade não fizesse diferença. Ah, quer saber? Talvez não faça. Talvez quase sempre é um sim disfarçado.
É o medo que se tem de ter medo de dizer sim diante do medo da outra pessoa de ouvir qualquer coisa parecida relacionado à algo que ela não quer ouvir. Taí, talvez, você pudesse ter ficado quando eu disse que ficaria. Daí em diante eu não teria assistido Servindo em silêncio, A sociedade dos poetas mortos e o Brilho eterno de uma mente sem lembranças, sozinha. Comendo umas batatas que eu queimei e roubando um pedaço de chocolate da minha mãe. Veja só o que a sua ausência me causou, comi chocolate. Eu trocaria qualquer bombom da cacau show por uma porção de batata no Mc.
E você nem se importa. Talvez eu também não, afinal, já vi todos esses filmes, mas lhe disse que os veria de novo e assim  fiz. Com ou sem você.
Sabe o que é, garota? Eu sou urgente, eu sou pra ontem e nunca para depois. Eu não acredito nessa de reencontro e possibilidades. Minhas possibilidades são sempre inversas e você era o avesso da minha previsão.
Levei tempo demais para não perder tempo agora, eu já te disse tantas vezes que eu não espero por você, mas é um tanto chato você ter ficado aí, paradinha, esperando sabe-se lá quem, alias, eu sei quem, mas poxa, dá pra caminhar comigo só mais uma vez? Não sei muito sobre flores e nem sobre caminhos, eu só sei que quero saber e você não.
Você era angustia disfarçada de garota quando lhe conheci. Não entro em duelos para ver quem vai ficar com a donzela. Eu não sou assim. Não lutaria por alguém que choraria o sangue da minha espada, minha senhorita. Ganhar o que? Não quero te ganhar. Me dou por satisfeita ter me ganhado no final da guerra que durou 2 anos. Me ter de volta já foi a maior vitória que eu poderia almejar. Lembra quando você me perguntou por que eu? Oras, porque eu não preciso de você. Simples assim. Porque você tem o mesmo amigo e porque você postou every breath you take e eu curti, porque o seu abraço não faz meu coração disparar, ao contrário, me faz sentir uma calma, como se eu fosse uma onda que quebra na sua praia. Porque quando você costumava dizer eu que te passava uma confiança me fazia sentir inteira, madura, ou simplesmente útil para a humanidade e porque não te mandar calar a boca de brincadeira faz falta. E se eu soubesse que perderia a sua agradável companhia jamais teria lhe beijado no cinema e usado do meu truque. Trocaria aquele dia pelo nosso "contrato" até março de 2013 e aprenderia tocar she will be loved para você no seu aniversário e depois iria embora como se tudo isso fosse apenas uma temporada daquele meu seriado favorito em que a Izzie deixa a série sem explicação e a Shonda toca o barco como se nada tivesse acontecido.
Agora você nem atende minhas ligações ou sequer deu o trabalho de responder minhas sms. Pois é, não deu né? Eu não sou mais tão legal quanto na semana passada, esta é minha deixa, certo? Hmn, certo. Tudo bem você gostar do avesso, tudo bem eu não ser o super herói da sua vida, sem mim você vai bem, sei que aquele nosso amigo vai cuidar bem de você, ainda que ele seja meio desligado é um bom garoto. Não pense em mim como um drama mexicano, prefiro ser um filme francês, ao menos isso você pode fazer além de ser muito boa em não mais falar comigo.
E também não pense que eu quero te reencontrar por ai e voltar a lhe cortejar como se nada tivesse acontecido, só queria sei lá, caminhar de novo contigo, sabe? Eu sei de quase tudo um pouco da sua vida e quase tudo mal, então vai lá, garota, vai ser feliz, só não fico muito contente em saber que você já não quer compartilhar isso comigo. Não sou um brinquedo que pode se quebrar, por que você fugiu? Deve ser porque eu quase nunca gosto de ficar muito tempo no mesmo lugar, deve ser porque eu sou urgente e você tá nessa de ficar em stand by. Quem sabe aquele menina não resolve cantar logo um stand by me e você toda feliz corre um pouquinho tentando me alcançar pra dizer que agora as coisas estão indo bem e se você vai bem quem sabe não me convide pra te ouvir tocar violino? É, quem sabe, talvez...

4 comentários:

  1. Perfeito. Lindo. Conta uma historia tão linda. Não sobre ela, mas sobre você!

    Ai minha Cabelo, roubaste-me um sorriso com esse texto. Será a volta da minha amada Poetisa?

    <3

    Com carinho, sua eterna marshmallow

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    Respostas
    1. Ai minha Marsh, gosto tanto quando vc curte minha fraca e egocêntrica literatura.
      E o seu texto... nossa, eu te inspirar?! Servir de inspiração para outros escritores? Deve ser por isso que eu me senti tão bem quando solto essas minhas "pérolas", afinal, não atiro aos porcos e sim a seres quase divinos como você e o Andarilho!
      <3

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  2. Em primeiro lugar, somos xarás, hahaha. E em segundo, que blog encantador é esse, menina? Eu adorei o texto a forma como você desabafou nele, cheio de sentimentos e verdades.
    Parabéns, hein? Volto mais vezes.
    Um beijo, @pequenatiss.

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  3. Hei, Thaís é um nome forte né?! Pena que acho ele um pouco comum kkkkkk
    Obrigada, meu blog realmente é encantador?! >< Volte sempre que desejar =)

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