(imagem retirada do weheartit)
E agora nada. Nenhum sinal das palavras. Me disseram que o prazo mínimo para se registrar um desaparecimento é de 48 horas. Já fazem meses. Minha eterna mania de tomar banho ouvindo música não inspira um poema novo sobre dona Maria e o pudim a seu neto. Sento no sofá. Leio o jornal. Na maioria das vezes não reparo que é de ontem.
4h da tarde. Sagrado café. Quando dei por mim mais um punhado delas havia fugido. Pularam o muro. Entraram debaixo no sofá e recusam-se a sair. Escorreram pelo ralo. Minhas preciosas não querem pertencer-me.
As palavras estão em greve. Não desejam servir a uma literatura egocêntrica. Não querem compor meu hino de solidão. Então, eu faço um apelo:
-Quando minhas pretensões literárias lhes parecer instigante o suficiente para sufocar os olhos e cegar a garganta, por favor, voltem, eu deixo a porta aberta, a janela destrancada e o celular ligado e se nestas andanças por acaso encontrarem a musa de suas existências diga-lhes que o insuportável não é o desapego a me rodear, com ele aprendi a ser solo com maestria, é a memória que anda muito bem das pernas. Obrigada!
Tem café sem açúcar?
ResponderExcluira especialidade é com nostalgia, mas fica a gosto do leitor ><
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