quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O bucólico e a Dama Boêmia.

Meu problema é ter boa memória, minha dama. Pouco antes de me formar na minha antiga instituição, dei a volta que hoje sei, foi à última. No meio do caminho desci a escada e olhei pra trás e senti uma vontade de voltar lá. Lembrei de você. Da gente.Do que era. Era. Me lembrei das férias de final de ano, te convidei pra participar de uma reunião à parte do meu trabalho. Você veio. Eu não esperava que viesse. Você em si bastava. Quando eu te via não cabia em mim de tanta felicidade. Recordo que a reunião estava interessante e mesmo assim no horário do lanche demos um jeito de escapar e acabamos parar naquele mesmo topo da escada onde estive no ultimo dia de aula. A chuva veio e não foi embora. A cara que você fez dizia tudo. Queria estar em dois lugares ao mesmo tempo. Sempre admirei sua capacidade de estar sempre dividida e ainda sim continuar inteira. Se aceitou ficar por vontade própria ou não eu não sei por que a chuva lhe roubou o direito de escolha. É que você não era minha. Ele te ligou uma vez. Senti medo. Da segunda vez você desmarcou. Senti culpa. Invadimos um banheiro. Conversamos por horas. Eu contava sobre meus planos. Você me contava dos seus. A gente se ouvia. A gente dava certo. Eu queria te beijar toda hora. Reprimi minha vontade. Teu sorriso sem graça. Tua fala calma. Teus carinhos sinceros. Deitei em seu colo e falei de outro alguém. Você me falou sobre ele dos seus planos. Eu, você e a goteira chata do banheiro. Eu, você e os verbos no passado hoje. Deve ter sido amor.

Mês passado encontrei um caderno de anotações no meu armário. Dentre tantas outras cartas que joguei fora e que você nunca as leu essas aqui sobreviveram em meio à bagunça, todas do tempo em que os conhecemos. Não tive coragem de jogar fora. Nenhuma delas. Passei a carregá-las na minha mochila. Não sei o porquê.

Ahhh minha dama, isso só é uma coisa dentre tantas coisas que eu não sei até hoje e que às vezes me fazem pensar em você. Como o jeito que eu lhe tratava me matando aos poucos dentro de você. O pouco. O que tínhamos não tinha nome. O que sobrou me faz ter perguntas sem fim. Que tento calar com bebida, mas ela só faz aumentar a voz da minha incerteza. Com os estudos, mas, cada vez que conquisto alguma coisa penso que seria ótimo ir correndo contar pra você só pra confundir sua cabeçinha de vento. Então eu tento calar isso com tantas outras bocas que já perdi até as contas. E isso só faz o ciúme aumentar, ele vive me dizendo que assim como eu você foi de um em um experimentar prazeres pesados. Começo a imaginar minha dama com outros caras, aqueles ejaculadores precoce e talvez de algumas meninas também. Outras tantas interessadas. Nunca fui teu. Nunca fui de outro alguém. Na verdade nunca fomos. Essa tua fome por liberdade que sempre te condena a estar sempre sozinha de longe foi o que mais me intimidou. Eu que nunca quis ficar, jamais acreditei em nós. Meu orgulho ferido por não ter feito você me amar tanto quanto eu te amei sempre me impediu de conquistá-la. Foi então que decidi dar voz a tudo que me prendia a você e eu dizia: vá menina, vá ser feliz. Vá pra não voltar. Só que às vezes você volta. Saudade, pena ou o que quer que seja ainda te faz pensar às vezes em mim. Eu só me pergunto aonde pode estar nosso amor depois da gente tanto sair por aí. Quando foi que perdemos nosso ‘time/tempo’ certo então? Mas de qualquer maneira, sorria minha dama, porque de alguma forma nosso amor ainda ta inteiro vagando por aí, longe da gente que se encontra às vezes. Quem sabe ele volte logo. Quem sabe tenha ido pra nunca mais voltar. Só que somos engraçados, um vai, o outro fica, um ama outro alguém e hora volta pra buscar o outro.

De uma coisa eu tenho certeza: o que a gente tem talvez nunca tenha nome, mas, é tão sagaz que foge ao entendimento de qualquer um.

2 comentários:

  1. "Eu, você e os verbos no passado hoje."
    Gostei da narrativa, das histórias dos dois, da saudade.
    Sabe, acho que vivi/vivo uma coisa parecida, na verdade exite um sentimento dentro de mim que ainda não encontrei um nome pra ele.
    Escreves lindamente!

    Kiss sweet flower. :)

    http://amar-go.blogspot.com/

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  2. já parou pra pensar qnd o outro encontrou o msmo sentimento em uma terceira pessoa?
    Talvez n tenha colocado nessa narrativa em si, mas essa é a minha intenção , enfim,adoro saber q sempre vem e le é lindo isso . ><

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